Identidade de
gênero se refere ao gênero em que a pessoa se identifica (se ela se
identifica como sendo um homem, uma mulher ou se ela vê a si como fora do
convencional). Sendo assim, menos compreendida, pois é facilmente
confundida com orientação sexual. Enquanto a orientação sexual se refere
a quem nos relacionamos, a identidade de gênero faz referência a como nos
reconhecemos dentro dos padrões de gênero estabelecidos socialmente.
Atualmente há casos
famosos de transfobia – o ódio por transgêneros – espalhados pelo mundo, e na
maioria dos casos, o que abre portas para o preconceito é a falta de
informação. O Brasil é o lugar onde ocorrem mais assassinatos à transgêneros.
Pensando nisso, é sempre bom mostrar o diferente, e mais que isso, mostrar que
o diferente também pode e deve ser considerado normal e digno de respeito.
Com isso,
descobrimos a história de Sona Averian, que foi batizada como Mattew. Sona
decidiu que iria realizar seu sonho em 2012, quando começou os tratamentos
necessários para se tornar fisicamente mulher. Começou perdendo 40 kg, fez
terapia hormonal, colocou silicone e passou por vários procedimentos cirúrgicos
para se adaptar ao restante das mudanças.
Em entrevista para
o The Sun, Sona revelou: “Eu tinha uma ótima esposa, uma filha linda e um
trabalho bem remunerado”. O que a levou a mudar não só a aparência, mas seu
comportamento e rotina. “Durante todos esses anos, eu estava vivendo uma
mentira e percebi que estava na hora de ser verdadeira comigo mesma”. Esse foi
o motivo pelo qual Sona foi atrás de sua própria identidade.
Desde os 7 anos,
Sona já dava indícios de que não estava satisfeita com sua condição. Os sinais
começaram quando ela percebeu que se sentia muito melhor quando vestia os
vestidos de sua irmã, do que suas próprias roupas. Obviamente, Sona foi
repreendida pelos pais por estar tendo um comportamento “inadequado”. “Eu
fiquei devastada e me senti muito envergonhada. Eu sabia que queria ser uma
garota, mas a sociedade não permitiria isso”, desabafou.
As represálias que
sofreu dos pais só fizeram com que Sona se sentisse pior. Pressionada, na
adolescência tentou entrar no time de basquete da escola para se encaixar nos
“padrões de garoto” exigidos por todos a sua volta. Além de se sentir
extremamente mal por não poder ser quem queria, o (até então) garoto comprava
roupas femininas escondido dos pais, para que pudesse se trancar no quarto e
ser quem gostaria de ser por alguns instantes.
Além de todo esse
transtorno familiar e social, Sona também sofreu muito bullying no colégio. Os
outros garotos achavam que ela tinha “trejeitos femininos” e não a
deixavam participar das brincadeiras ou fazer parte dos grupos de estudo. Isso
se deu até a fase adulta. Traumatizada, Sona buscou formas de se tornar
mais masculina, foi aí então que se juntou à Marinha dos EUA: “Eu
compensei o meu lado feminino me tornando mais e mais masculinizada”.
Afim de construir
uma vida “normal” e longe de preconceitos, Sona fazia musculação 6 vezes por
semana, e buscava ter uma aparência de “macho alfa”, como ela mesma definiu.
Com isso, esperava que a vontade de se tornar mulher desaparecesse com o tempo.
O que, claro, não aconteceu.
Em 2005, Sona, (ainda
Matthew), se casou com Lucy, uma neurologista. Afim de tentar amá-la e
constituir uma família – mais uma tentativa frustrada de tentar se encaixar aos
padrões – e se manter longe do preconceito das pessoas. Em 2010 o casal teve
uma filha, o que para Mattew seria sua “salvação” definitiva. Acontece que, com
o nascimento da criança, as coisas pioraram ainda mais:“Eu me
perguntava como eu poderia ser um bom pai e ensinar minha filha sobre como
aproveitar uma vida honesta e autêntica enquanto eu estava vivendo uma
mentira”.
Em 2012, já
desesperada com a situação, Sona enfim conseguiu coragem para contar à Lucy,
até então sua esposa, o que estava acontecendo: “Nós conversamos a noite
inteira e ambas choramos. Ao final da noite, Lucy prometeu me dar suporte
durante a minha jornada” – quando essa decisão aconteceu, a filha do casal
tinha apenas um ano e meio de idade.
A partir daí, tudo
começou a mudar na vida de Sona: “Eu não queria que a mudança fosse muito
drástica para a minha filha, então eu comecei me vestindo como mulher na parte
de cima, depois fui deixando o cabelo crescer. Ela estava totalmente
despreocupada e apenas contente porque seu papai estava feliz”.
Lucy e Sona se
separam em 2013. Quando isso aconteceu, ela não estava mais na Marinha, e
enfim estava se sentindo feliz e satisfeita consigo mesma. Sua jornada, no
entanto, só será finalizada quando ela passar pela cirurgia de construção de
canal vaginal.
Lucy, que ainda é
amiga de Sona, diz que nunca a viu tão feliz. A libertação de sua ex é, para
ela, um grande motivo de orgulho e felicidade, e a história de Sona é hoje um
exemplo para tantas outras pessoas que ainda têm medo ou receio do olhar da
sociedade e até mesmo dificuldades de autoaceitação. Que assim como Sona, todos
possam ser felizes da maneira que acharem melhor.
Fonte: Fatos Desconhecidos
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