Não é de hoje que
as agências espaciais ponderam sobre o futuro da Estação Espacial Internacional
e como a exploração espacial deve avançar depois que ela for desativada — o que
pode ocorrer em 2024. E Johann-Dietrich Woerner, Diretor Geral da Agência
Espacial Europeia, tem uma proposta pra lá de ambiciosa e ousada nesse sentido.
Ele sugere que uma colônia seja construída na Lua e, da forma como ele expõe o
projeto, o plano parece plausível.
De acordo com
Richard Hollingham, da BBC, Woerner, que assumiu a direção da agência recentemente,
acredita que chegou a hora de começar a pensar a respeito da presença humana no
espaço. Para ele, o projeto da colônia na Lua serviria como base científica
para pesquisas espaciais e para o avanço da tecnologia necessária para que o
homem sobreviva no espaço.
Projeto grandioso
Segundo Richard,
Woerner propõe a participação de diversas nações — já envolvidas na exploração
espacial — e companhias privadas, de forma que todos possam contribuir nos
campos das atividades humanas e da robótica para desenvolver as instalações
necessárias para abrigar os astronautas.
Conforme explicou
para Julian Spector do portal CityLab, para começar, os “arquitetos lunares” poderiam tirar
proveito dos abrigos naturais que o satélite oferece — como as mais de 200
cavidades descobertas no interior de grandes crateras. Eles serviriam para
proteger os colonizadores de perigos como a exposição à radiação solar,
colisões de objetos espaciais e as flutuações de temperatura que ocorrem na
Lua, que podem cair de 120 °C durante o dia a -230 °C à noite.
Além disso, o
solo da Lua — chamado regolito — também pode funcionar como isolante térmico e,
como o material é abundante, ele poderia ser empregado na construção de edificações. Woerner
explica que, para isso, seria necessário desenvolver algum tipo de concreto
lunar para que seja possível trabalhar com o regolito, e esse “item” está na
lista de problemas que precisam ser solucionados antes do início das obras.
Segundo Julian, o
Diretor Geral também comentou que as agências espaciais envolvidas no projeto
provavelmente enviariam robôs antes dos humanos para dar início aos trabalhos.
E ele acredita que a construção da colônia contará com grande colaboração
internacional — e que cada um dos envolvidos poderá cooperar com diferentes
ideias e abordagens.
Montando
acampamento
Julian Spector
também conversou com Bernard Foing, diretor do grupo de trabalho para a
exploração lunar da Agência Espacial Europeia. Para ele, um bom ponto de
partida até que as “casas lunares” fiquem prontas seria utilizar módulos
rígidos — como os que são empregados em algumas instalações da Estação Espacial Internacional —, unidades
infláveis e tecnologias baseadas naimpressão 3D.
De acordo com
Foing, para que os humanos possam sobreviver na Lua, a colônia deve contar com geradores
de energia, laboratórios, alojamentos, oficinas, estufa para plantas e
instalações para o processamento de água e outros recursos.
Além disso, seria
de incrível importância desenvolver formas de cultivar alimentos no satélite, de maneira que os
colonizadores não tenham que depender do “delivery” de comida daqui da Terra. E
também seria necessário dotar o satélite de equipamentos em sua órbita para
permitir o acesso às comunicações, assim como de uma estrutura para pousos e
decolagens.
Com respeito à
localização da colônia, nós, aqui do Mega Curioso, recentemente postamos
uma imagem do lado oculto da Lua divulgada pela NASA e, como
você viu, essa face do nosso satélite não é escura, como a maioria das pessoas
imagina! Pois instalar a colônia nessa região lunar poderia facilitar a
observação do espaço por meio de telescópios, já que o próprio satélite bloquearia
a emissão de ondas de rádio provenientes dos observatórios localizados na
Terra.
Mineração e
turismo lunar
O pessoal da
Agência Espacial Europeia ainda explicou que, em um primeiro momento, os
colonizadores terão um bocado de trabalho construindo a base e conduzindo
experimentos científicos na Lua. Entretanto, uma vez a colônia seja
estabelecida, a próxima tarefa será determinar quais, exatamente, serão as
atividades desenvolvidas pelos astronautas.
Aliás, se o
projeto der certo, é bem provável que, com o tempo, a Lua passe a ser visitada
por pessoas além dos astronautas. Pode acontecer, por exemplo, que a
disponibilidade de metais raros, fragmentos de asteroides e a presença de
elementos químicos que não sejam tão abundantes aqui na Terra desperte o interesse
de empreendedores terráqueos — e até já existem parcerias entre companhias
privadas e agências espaciais para a mineração do satélite.
Ademais, o
pessoal da Agência Espacial Europeia também aposta no surgimento do turismo lunar. Embora o principal foco da colônia esteja no
desenvolvimento tecnológico e na exploração espacial, aqui na Terra mesmo já
aconteceu de bases científicas se transformarem em destinos visitados por
aventureiros. Afinal, vai dizer que você não gostaria de ir até a Lua se pudesse!
Fonte: Mega
Curioso
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