Se comprovado, o experimento que produziu a estrutura cerebral de um
feto de cinco semanas pode ser a chave para o avanço de pesquisas de doenças
como Alzheimer e Parkinson
Imagem da miniatura cerebral, criada por cientistas da Universidade de Ohio,
nos Estados Unidos, mostra suas partes fundamentais(Ohio State
University/Reprodução)
Uma equipe de
cientistas da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, afirma ter criado
o primeiro cérebro humano "quase completo" em laboratório. De acordo
com os pesquisadores, ele pode ser a chave para a compreensão de doenças
neurológicas, como Alzheimer e Parkinson. O anúncio do experimento foi feito
pelo neurocientista Rene Anand, durante um simpósio militar sobre pesquisas de
saúde em Fort Lauderdale, na Flórida, na última terça-feira (18).
De acordo com
Anand, o cérebro, que se assemelha ao de um feto humano de cinco semanas,
possui o tamanho de um ervilha. Para construir a miniatura, a equipe diz ter
transformado células adultas da pele em células-tronco pluripotentes induzidas
(IPS), que têm grande capacidade de se transformar em qualquer tecido humano.
Em laboratório, elas foram induzidas a desenvolver as diferentes células do cérebro
e mesmo a medula espinhal.
De acordo com
Anand, o processo levou 12 semanas para ser concluído. A equipe, entretanto,
não conseguiu construir uma rede de vasos sanguíneos para o
"mini-cérebro" - para isso, seria necessário um coração artificial, que
ajudaria as próximas etapas do desenvolvimento.
Cérebro de
laboratório - Já houve outras tentativas de criar um cérebro "in
vitro". A mais recente, descrita em um artigo de 2013 na revista Nature, foi capaz de
criar um modelo que se assemelhava ao cérebro de fetos humanos de nove semanas,
mas faltavam células importantes. Segundo Anand, dessa vez o time de
pesquisadores conseguiu reproduzir 99% das estruturas cerebrais, um processo
complexo e difícil de ser reproduzido em laboratório.
Mesmo com tudo
isso, o modelo, que seria o mais completo já desenvolvido pela ciência, não é
consciente, ou seja, não "pensa", e seria apenas uma plataforma para
estudos e testes farmacológicos que não levantaria questões éticas.
Publicação - Em
geral, os avanços científicos importantes são divulgados em publicações
especializadas, após avaliações de comitês independentes. No entanto, o
experimento da Universidade Estadual de Ohio ainda não foi descrito e publicado
e, de acordo com Anand, isso aconteceu porque o processo para a criação do
cérebro "in vitro" ainda não foi patenteado. Por isso, muitos
especialistas da área têm dúvidas sobre o potencial do experimento e dizem não
conseguir avaliar sua qualidade.
Fonte: Veja
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