Você já deve ter
ouvido por aí que, estatisticamente, as mulheres vivem mais que os homens.
Muitos pesquisadores dizem que isso acontece porque os cuecas não são lá muito
cuidadosos com a própria saúde e só vão ao médico quando algo realmente grave
acontece, ignorando exames e consultas médicas de rotina. Mas será que é só
isso?
Além disso, novas
pesquisas sugerem que essa diferença não tem nada a ver com questões biológicas
– ou, pelo menos, não apenas com questões biológicas. De acordo com o demógrafo
Hiram Beltran-Sanchez, da Universidade de Wisconsin, essa questão de
longevidade sempre foi vista como um tipo de vantagem feminina, uma espécie de
“ponto positivo”.
Agora, em seu novo estudo, Sanchez avaliou documentos populacionais
antigos para, dessa forma, tentar entender se essa “vantagem” sempre existiu.
Para começar o levantamento, ele e sua equipe analisaram as causas mais comuns
de morte de pessoas que nasceram entre 1800 e 1935 em 13 países diferentes da
América do Norte e também da Europa.
Na sequência, os
pesquisadores compararam os dados coletados com os índices de causas de morte
da Organização Mundial da Saúde, de modo que ficou possível determinar a causa
desses óbitos. Para tal, as cinco principais causas de mortalidade foram
avaliadas: doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais (AVC ou
“derrame”), câncer, gripe e pneumonia.
Além disso, os
pesquisadores também avaliaram causas provocadas pelo tabagismo, o que inclui
câncer de pulmão e outras doenças geradas pelo cigarro. Os obituários
analisados eram de pessoas entre os 40 e os 90 anos de idade – pessoas mais
jovens foram excluídas da pesquisa para evitar classificar mortes ocorridas em
períodos de guerra, violência e acidentes.
As conclusões permitiram afirmar que homens e mulheres nascidos no
século XIX viveram muito menos do que as pessoas nascidas no século XX. Nesse
sentido, vale lembrar que pessoas que viviam nos anos de 1800 enfrentavam
péssimas condições de saneamento, o que os levava a consumir comida e água
contaminadas frequentemente. Além do mais, essas pessoas não contavam com
antibióticos na hora de tratar uma doença infecciosa.
Nessa época, portanto, homens e mulheres tinham a mesma expectativa de
vida. Esse quadro mudou justamente com o surgimento de antibióticos, com a
purificação da água e com a melhora no cultivo e na limpeza de alimentos. A
partir daí, as chances de morte entre os 40 e os 90 anos eram de 0,29% entre as
mulheres e 0,17% entre os homens.
Com o passar dos anos, esses índices começaram a subir. Homens nascidos
entre 1900 e 1935 tinham de duas a três vezes mais chances de morrer na casa
dos 50 ou 60 anos em relação às mulheres. Sanchez diz que, nesse período, houve
um “excesso de mortalidade masculina”. Além disso, os pesquisadores descobriram
que essas mortes eram, na maioria dos casos, provocadas por doenças
cardiovasculares e também pelo fumo – um hábito muito maior em homens do que em
mulheres, no início do século passado.
Dados das Nações
Unidas sobre agricultura e alimentação revelaram que o salto entre os índices
de mortalidade relacionados ao gênero foi mais evidenciado quando as pessoas
começaram a consumir gordura animal – uma tendência que se intensificou em
pessoas nascidas no final do século XIX.
Além disso, algumas pesquisas já
sugeriram que os homens nascidos entre 1950 e 1985 comem mais produtos de
origem animal do que as mulheres. Dietas ricas em gordura animal tendem a ser
mais prejudiciais aos homens do que às mulheres quando o assunto é o ganho de
peso e o entupimento de artérias.
Dessa maneira, podemos dizer que
a diferença entre as expectativas de vida entre homens e mulheres não tem
relação apenas com fatores biológicos. Nesse sentido, Sanchez acredita que, se
os homens morrem mais cedo por questões de hábitos de vida e alimentação, esse
quadro pode ser revertido, o que é uma ótima notícia, não é verdade?
Fonte: Mega Curioso
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