A não ser que
você seja uma pessoa extremamente evoluída emocionalmente e que, como se não
bastasse, tenha namorado alguém assim também, o fim de um relacionamento é
quase sempre traumático, mesmo quando imaginávamos que a relação estava prestes
a acabar. Não importa se é por falta ou excesso de amor, se é por uma questão
de fidelidade ou comodismo, ver o fim de nossa história romântica faz com que a
gente se sinta péssimo.
Nessas situações
de rompimento, especialmente pela ótica da pessoa que leva o famoso “pé na
bunda”, o cérebro age de uma maneira específica, dentro do que alguns
pesquisadores chamam de “paixão reversa”.
O vício do amor
Mesmo quando não
é correspondido – e especialmente antes de sabermos disso –, o amor nos faz
mais felizes, mais bobos, mais sorridentes e alegres. É uma droga, portanto,
que afeta até mesmo nossos batimentos cardíacos e faz com que nosso cérebro
libere substâncias capazes de nos deixar eufóricos – é difícil não “viciar”.
Depois
de um tempo ao lado da pessoa amada, seu corpo se acostuma a sentir todos esses
efeitos prazerosos. Eles diminuem com o passar do tempo, mas, se a relação
acaba, seu cérebro entra em pane e fica obcecado tentando sentir de novo a
mesma emoção do início do namoro. Essa vontade absurda de experimentar a
“droga” novamente e a noção de que a realidade é diferente nos coloca,
literalmente, em um estado de pane mental e emocional.
Nesse
sentido, tudo o que nos lembra da pessoa (fotos, músicas, cheiros, lugares)
acaba ativando nosso mecanismo cerebral de recompensa, que é a mesma área que
se liga em usuários de drogas, especialmente da cocaína e da nicotina. E, olha
só, é a mesma área que brilha como fogo quando as pessoas estão perdidamente
apaixonadas e não conseguem pensar em nada além do ser amado.
Essa região de
recompensa, quando está acionada, bombardeia nosso corpo com dopamina, que
ativa a nossa vontade de querer sempre mais. O desejo absurdo de experimentar
mais dessa sensação nos motiva a procurar coisas que nos deem esse mesmo
prazer. No caso de uma relação amorosa, essa “coisa” que queremos de novo é
justamente a pessoa que acabou de nos abandonar. Aí complica.
Como
você não tem acesso à “droga” em questão, seu cérebro vai continuar
importunando a sua vida, de modo que seu sistema de recompensa vai fazer com
que você tenha comportamentos realmente idiotas, como encher a cara e ligar
para o ex ou sugerir “uma última noite de amor”.
A
neurocientista Lucy Brown, que estuda a forma como o cérebro lida com o amor,
explica que o término de relações românticas é mais difícil de ser superado
porque esse esquema de recompensa do amor acaba comprometendo regiões primárias
do cérebro. “Uma rejeição amorosa é uma coisa que muda a vida e envolve
sistemas que estão no mesmo nível de sentir fome ou sede”.
Toda essa questão
tão intensa nos faz ter sensações físicas e, inclusive, dor. O peito fica mais
apertado, o estômago embrulha e, se isso for pouco para você, talvez ainda
apareça aquela sensação típica de quando se recebe uma notícia ruim.
Pesquisas
recentes revelaram que não é apenas nosso centro de recompensa que entra em
pane depois do fim de um namoro. Regiões cerebrais responsáveis por controlar o
stress e a nossa resposta à dor física também são afetadas quando um
relacionamento acaba. Então, ainda que as áreas do cérebro vinculadas à dor em
si estejam “desligadas”, as que lidam com a resposta da dor acabam nos deixando
ansiosos da mesma forma que ficamos quando algo muito ruim acontece.
Infelizmente,
esse tipo de dor e de sensação horrível pode durar algum tempo antes de você
dizer que superou o fim. Se você quer uma estimativa mais precisa, Brown
explica que a superação pode demorar de seis meses a até dois anos – nesse meio
tempo, o fundamental é evitar as famosas “recaídas”, exatamente como nos casos
de usuários de droga.
Ainda que dois
anos pareça tempo demais, saiba que esse processo é natural e acontece com a
maioria das pessoas. Separações são difíceis porque interferem justamente em um
sistema que nos conecta com outros indivíduos. Na tentativa de nos manter
unidos, nosso cérebro faz toda essa confusão. No caso de pessoas que querem
reatar, esse processo todo é vantajoso, agora, quando a ideia não é voltar à
relação, isso dói quase tanto quanto quebrar um osso. Todo dia.
Você deve ter
percebido que falamos apenas do lado de quem sofre com o fim do relacionamento,
e, nesse sentido, a Ciência só nos prova que a vida realmente não é justa:
cientificamente falando, não se sabe quase nada sobre como funciona a cabeça de
quem deixa de amar alguém e resolve colocar o ponto final na relação.
Ao que tudo
indica, talvez nosso cérebro tenha um mecanismo de “desapaixonamento lento”,
que vai enfraquecendo nossas conexões cerebrais aos poucos de modo que, com o
passar do tempo, a vontade de ficar com a pessoa simplesmente vai embora.
Tem cura?
Há evidências que
nos mostram que o cérebro humano já tenta nos fazer seguir em frente logo
depois do fim de um relacionamento. Nesse sentido, podemos nos apegar àquilo
que mais nos motiva e nos deixa felizes. Felizmente, da mesma forma que somos
inundados por uma sensação de dor e desejo de ter a pessoa de volta, também
recebemos estímulos cerebrais para mudar de comportamento.
Parece
uma bagunça – e é exatamente isso –, mas nosso cérebro faz tanta confusão assim
com uma boa intenção: ele só quer nos ver bem de novo e, por mais que pareça
exatamente o contrário, a ideia é regular nossas emoções e, dessa maneira,
seguir em frente.
O
importante é manter em mente que, apesar de essa recuperação ser demorada, a
obsessão romântica eventualmente vai acabar e você vai superar o fim. A dica de
Brown é simples: quando seu cérebro trouxer lembranças do ex, em vez de focar nas
coisas boas, o ideal é se lembrar apenas das negativas – é cruel, mas é isso
que vai acelerar o processo de cicatrização.
Fonte: Mega
Curioso
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