Já faz alguns
anos que agências espaciais ecompanhias privadas vêm considerando a possibilidade de
enviar missões tripuladas aMarte. Entretanto, apesar de já existirem recursos para mandar
seres humanos até o Planeta Vermelho, a viagem apresentará uma enorme quantidade
dedesafios e
perigos à tripulação. Portanto, nada mais normal do que tentar
preparar os futuros colonizadores da melhor maneira possível. Mas como fazer
isso?
De acordo com John
Schellhase do site All That is Interesting, uma forma de preparar as pessoas
para a viagem a Marte é mandá-las para passar uma temporada na Base Concordia,
localizada na Antártida. A base é administrada pela Itália e pela França,
fica no topo de uma montanha de mais de 3 mil metros de altura localizada no
meio do continente, e normalmente abriga uma dúzia de cientistas durante o
inverno.
Análogo marciano
Como você sabe, Marte não é um planeta especialmente acolhedor para os
seres humanos. O ambiente por lá é completamente diferente ao da Terra, e as
temperaturas do planeta rondam os – 27° C na altura do equador marciano —
caindo para – 140° C nos polos. Além disso, sua atmosfera é muito menos densa
do que a nossa, o que significa que não é possível encontrar água em sua forma
líquida na superfície.
Por sua vez,
conforme explicamos em uma matéria sobre a Antártida aqui no Mega Curioso, o continente é
considerado o maior deserto da Terra — com uma precipitação de apenas 10
centímetros por ano —, e em alguns pontos do território não foi registrado
qualquer tipo de precipitação na forma de neve ou chuva nos últimos 2 milhões
de anos.
Além disso, outros
fatores que fazem da Antártida um local ideal para que os terráqueos contemplem
como poderia ser a vida em outros planetas são os céus frequentemente
desprovidos de nuvens, seu isolamento, suas condições climáticas extremas e os
períodos durante os quais o continente fica no escuro — já que o Sol desaparece
durante três meses do ano!
Base Concordia
Segundo John, para
chegar até a base, os viajantes devem voar da Tasmânia ouNova Zelândia até
um dos portos que ficam na costa da Antártida. De lá, é possível pegar um
bimotor — especialmente projetado para o clima gélido e ar rarefeito — para
cobrir os mais de 1,1 mil quilômetros até a Base Concordia. Alternativamente,
quem preferir pode encarar uma expedição de 10 a 12 dias através das planícies
congeladas.
Além disso, é
importante ter em mente que é impossível viajar pelo interior da Antártida
entre os meses de fevereiro e novembro, o que significa que, durante esse período
a Base Concordia fica isolada. Para não dizer que não há ninguém por perto, a
base mais próxima é a Vostok, dos russos, a mais de 600 quilômetros de
distância. Portanto, não é a toa que os cientistas brincam que a Base Espacial
Internacional recebe mais visitantes do que a Concordia!
Experimentos
De acordo com John,
a maioria dos cientistas que se encontram na base está conduzindo experimentos
voltados para futuras missões a Marte. Um deles, por exemplo, é um sistema de
reciclagem de água que um dia poderá ser instalado em uma das colônias no
Planeta Vermelho, mas boa parte dos estudos está focada em avaliar o que
acontece com as pessoas que vivem isoladas em condições extremas.
Assim,
os cientistas que passam o inverno na Base Concordia realizam pesquisas para
descobrir como seus corpos reagem após tantos meses de privação à luz solar, e
para determinar como suas mentes lidam com tamanho isolamento. Eles ainda fazem
testes para medir como os exercícios físicos e a exposição à luz artificial
afetam seus estados de humor, e gravam vídeos relatando suas experiências que
são avaliados por psicólogos.
Pois, conforme
mencionamos anteriormente, na Antártida, o Sol desaparece do céu durante três
meses do ano. Essa característica oferece a oportunidade perfeita para que os
cientistas possam estudar como os humanos reagem com respeito a ambientes
estranhos, tanto individualmente como em grupo. Afinal, as pessoas “presas” na
Base não têm outra opção além de aprender a conviver — e aguentar — a companhia
de estranhos.
E
sabe quais são as principais reclamações dos cientistas? O tédio e a insônia.
Segundo John, muitos dos cientistas sofrem com os dois problemas, além de
confessar que a monotonia sensorial — provocada pela privação de sons,
sensações e escassez de elementos visuais — não é nada fácil de contornar.
Fonte: Mega Curioso
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