Se você acha que a prática de reciclar ideias antigas só atinge setores como dos filmes e jogos – borbulhando com reimaginações e remakes –, está bem enganado. O conceito também chegou ao mundo da tecnologia, mas, nesse caso, é por um bom motivo. O Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt (DLR), centro de pesquisa aeroespacial alemão, resolveu reviver um projeto de 2012 para colocar em prática a produção de um avião para voos sub-orbitais capaz de fazer o caminho da Europa para a Austrália em cerca de uma hora e meia.
O novo veículo
aéreo recebeu o nome de SpaceLiner e está sendo tratado com urgência pela
organização sediada na Alemanha, com perspectiva para que as primeiras viagens
do modelo ocorram dentro dos próximos 20 ou 30 anos. O chefão do projeto,
Martin Sippel, apresentou, durante o evento American Institute of Aerodynamics
and Astronautics' Space Planes and Hypersonics Conference, em Glasgow, na
Escócia, detalhes da empreitada e do progresso tecnológico necessário para
fazer tudo funcionar.
Façanha da
engenharia
Para Sippel, além
de oferecer um transporte extremamente veloz para quem puder bancar a
brincadeira, o objetivo principal da iniciativa é reduzir o custo de viagens
espaciais ao fazer com que as aeronaves do serviço deem início a uma produção
em larga escala de motores de foguetes e de outros veículos de propulsão. Ele
afirma que mesmo se apenas 0,2% dos passageiros de voos intercontinentais
migrarem para o SpaceLiner, isso já é o suficiente para causar um impacto
gigantesco nesse mercado.
“Poderíamos multiplicar
em 100 vezes o número de lançamentos, já que estamos falando de veículos
reutilizáveis programados para algo entre 150 e 300 viagens. [...] Se você
tiver 11 motores em cada um deles, a fabricação chegaria a cerca de 2 mil deles
por ano”, explica o alemão. Parece muita potência para você? Pode até ser, mas
é algo necessário para que esse tipo de voo seja feito, com o projeto da DLR
exigindo a ajuda de um propulsor externo – como do antigo programa Shuttle, da
NASA – até atingir a altitude correta.
Pode ficar
tranquilo, esse “adereço” motorizado, assim como outros elementos do serviço,
não é descartado. Assim que ele é desacoplado na aeronave principal, é
recolhido por um avião de reboque em pleno ar e liberado logo em seguida para
fazer um pouso de forma autônoma. Enquanto isso, a SpaceLiner segue sua
trajetória sub-orbital a cerca de 25 mil quilômetros por hora – sim, essa é a
velocidade que o brinquedinho pode alcançar. Chegando próximo do seu destino, a
nave desce rapidamente e pousa como qualquer outra.
O
custo de algo nessas proporções também é assustador, podendo chegar na casa dos
US$ 33 bilhões – mais de R$ 114 bilhões – e exigindo análises e polimentos
constantes até que o primeiro protótipo do veículo seja construído, por volta
de 2030. Segundo Sippel, os testes com até seis unidades diferentes do modelo
ainda levariam anos de trabalho duro, fazendo com que os primeiros voos
comerciais só ocorram em meados de 2040. Será que dá para economizar até lá
para dar uma voltinha pelo mundo em um par de horas?
Fonte: Mega
Curioso
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