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No cinema, a saúde do corpo e da mente é uma das últimas preocupações de um astronauta em uma missão espacial. Na maioria das vezes, a tecnologia já resolveu os inconvenientes causados pela falta de gravidade, confinamento e o tempo das viagens (que duram meses). Na vida real, o cenário é bem diferente.

Ao longo das décadas, principalmente após a chegada do homem à Lua (em 1969), os cientistas estudam os efeitos que a exposição dos astronautas a um ambiente diferente da Terra --principalmente sem gravidade-- pode causar a seus organismos a curto e longo prazo.

Na lista de possíveis problemas físicos tem perda de massa óssea, alteração na visão, maior risco de ataque cardíaco, câncer e doenças degenerativas.

Agora, os cientistas querem descobrir que tipos de alterações psicológicas podem acontecer, principalmente depois de a Rússia anunciar seu ambicioso projeto de "colonizar" Marte. Uma viagem até o planeta vermelho levaria meses.

Episódios de alucinações, depressão e alterações de humor já foram detectados em algumas missões.

Para os pesquisadores, alucinações são os sintomas psicológicos mais comuns.

Em 1976, a tripulação russa da missão Soyuz-21 foi trazida de volta à Terra logo depois de relatarem um cheiro estranho dentro da estação espacial Salyut-5. Técnicos foram enviados ao local, mas nenhum odor ou problema foi encontrado.

Segundo os relatórios, que citam "questões interpessoais" e "problemas psicológicos" da tripulação, a Nasa concluiu que o cheiro foi, provavelmente, uma alucinação causada pela pressão da missão, aliada a um ambiente de confinamento e altamente perigoso.

Em uma das missões até a estação espacial americana Skylab, as longas horas de viagem, a exaustão e divergências entre os astronautas e o controle da missão fizeram com que a equipe desligasse a comunicação e passasse o dia ignorando a Nasa, enquanto observavam o nascer e o pôr do Sol na Terra (que para eles, acontece a cada 45 minutos, por conta da órbita).

Problema cerebral?

Embora as pressões psicológicas, a distância de casa e o trabalho estressante sejam grandes vilões, pesquisas também indicam que habilidades como concentração, coordenação e capacidade de resolver problemas também ficam comprometidas por questões diretamente ligadas ao comportamento do cérebro no espaço.

Para o especialista em psicologia e neurociência Vaughan Bell, da University College London e colunista do jornal inglês "The Guardian", uma possibilidade para isso é que nosso suprimento de sangue evoluiu para funcionar na gravidade da Terra. Assim, a eficiência com que o oxigênio vai para o cérebro é afetada no espaço e na gravidade zero.

Pesquisa feita pelo Laboratório de Neuropsicologia e Biomecânica do Movimento, da Universidade Livre de Bruxelas, observou algo parecido: o cérebro trabalha de forma diferente quando está em repouso ou em órbita. Notou-se uma queda da capacidade mental dos astronautas, nada grave, mas mensurável, segundo os dados.

Freud também explica

Em 1959, antes mesmo de um astronauta entrar em órbita, psiquiatras publicaram um artigo no "American Journal of Psychiatry" especulando que uma separação da "Mãe Terra" poderia levar a um estado patológico de "ansiedade de separação". 


As consequências seriam um súbito desejo de destruir o veículo espacial e o resto da tripulação, além de suicídio. Até agora, felizmente, isso nunca aconteceu.






Fonte: Uol Noticias 

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